quarta-feira, 23 de junho de 2010

QUEREMOS A GERAL DO CINEMA OLYMPIA


Durante a primeira edição do Festival de Jericoacoara de Cinema Digital — ocorrida de 09 a 13 de junho de 2010 —, cineastas, intelectuais, estudantes, produtores, cineclubistas, artistas, técnicos e representantes de entidades da área do audiovisual, por ocasião do Seminário “A Tecnologia Digital e o Futuro do Cinema”, chegaram à conclusão de que o Cinema Brasileiro somente terá futuro se as obras realizadas pelos brasileiros se tornarem conhecidas dos brasileiros.

Partindo dessa premissa, e para efeito de sistematização, foram diagnosticados cinco problemas cruciais no Brasil, quais sejam:

  1. Há, no País, escassez de salas de exibição — que, além de concentradas nas capitais, encontram-se reduzidas à metade das existentes há vinte anos.Como agravante, a grande maioria desses equipamentos se localiza dentro de shoppings — fato que afasta as classes e camadas mais pobres, compromete e desvirtua a natureza do espetáculo cinematográfico, restringindo praticamente sua existência a blockbusters milionários.
  2. A cota de tela do cinema brasileiro nas mencionadas salas de exibição, que já chegou a 180 dias anuais, hoje está resumida a vinte e oito dias, impedindo que a grande maioria dos filmes produzidos em nosso País chegue ao chamado circuito comercial.
  3. Os filmes de curta metragem — de exibição obrigatória assegurada na legislação —, além de não contar com o reconhecimento e respeito dos exibidores, também não contam com a efetiva fiscalização do Poder Público, limitando sua circulação praticamente ao circuito brasileiro de festivais e à rede de exibição cineclubista.
  4. As televisões, notadamente aquelas de perfil público, ainda não possuem uma política que vise, de forma sistemática e contínua, a incorporação nas suas grades de programação das produções qualificadas como independentes.
  5. Verifica-se a ausência, na grande maioria dos estados brasileiros, de uma política efetiva e continuada — via editais públicos e outros mecanismos — de apoio ao setor audiovisual nos elos da Produção, Difusão, Formação e Preservação.

Neste ambiente, visando à resolução do leque de problemas verificados, destacam-se as seguintes proposições:

  1. A efetivação das propostas de política pública para o setor audiovisual oriundas da Pré-Conferência do Audiovisual e da Conferência Nacional de Cultura.
  2. O retorno da cota de tela de 180 dias para a produção brasileira no circuito comercial de exibição.
  3. A implantação de rede nas salas de cinemas, a preços populares — com matriz digital —, em todos os municípios e nos bairros de periferia, com garantias de prevalência da exibição da produção audiovisual brasileira.
  4. A aprovação e implantação de proposição legislativa que vise à exibição de filmes brasileiros nas escolas.
  5. A necessidade de se estabelecer parceria entre o Governo Federal, os governos estaduais e municipais, via editais públicos, que vise à regionalização de verbas de fomento para o setor audiovisual, a exemplo de outras bem sucedidas ações — Programa DocTV, NPDs e Cine Mais Cultura.
  6. O reconhecimento pela ANCINE do público que transcende o circuito das salas comerciais, aficionado em cineclubes, escolas, sindicatos, museus, centros comunitários, culturais e outros equipamentos, devolvendo ao cinema sua função social mais abrangente — em contraponto ao critério único de entretenimento e de mercado adotado hoje no País.

Um comentário:

  1. Sílvio

    Parabéns! O Blog voltou + bonito, esta cor de laranja chegou com toda energia. Lindo!
    Como espectadora, lamento profundamente que os filmes brasileiros, além de ficarem em exibição pouquíssimos dias, só fiquem em alguns cinemas.
    Às vezes quando a gente não assiste logo porque não pôde, seja por razão financeira, seja por falta de tempo,ou porque não é exibido em nosso bairro ou cidade, e muitas vezes por falta de divulgação, o filme já saiu de cartaz. Mal deu tempo de algum amigo que viu e gostou nos dar um toque, avisando que é bom.
    Isso aconteceu recentemente com seu "Utopia e Barbárie". Quando alguns amigos foram ver, já havia saido de cartaz.
    Na cidade onde resido, ele nem chegou a ser exibido, assim como outros bons filmes brasileiros.
    Aqui só temos cinemas nos três shoppings, e quase sempre a qualidade dos filmes deixa muito a desejar.É só dar uma espiada nos suplementos dos jornais e conferir. Faço isso toda semana, depois fecho o caderninho desolada e tomo o rumo de SP. Rápido, antes que tirem os filmes brasileiros de cartaz.
    Deveríamos fazer um movimento para incluir a matéria Cinema nas escolas, já que se ensina Literatura, Artes e dizem que Música voltará a ser ensinada.
    Será que fiquei contaminada com a utopia do filme do Sílvio?
    Abraços

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