domingo, 8 de novembro de 2009

Requiém II para RIOFILME

Hoje a Riofilme começa a sair da vida para entrar ne História. Amanhã
segunda-feira, 9, serão abertos os envelopes que darão inicio a
seleção da corretora de valores que administrará o "Funcine"da
Riofilme ( o maior cartório que nunca tinha acontecido antes na
história desse país): Pega-se dinheiro público, repassa-de para uma
corretora privada que recebrá uma alta taxa de administração e todas
as garantias que não terá prejuizos, monta-se um comitê gestor sem
discutir com as entidades dos que fazem cinema e zás,o govêrno
municipal se livra de um abacaxi e nós apenas tomamos conhecimento por
esse rápido obituário. De tanto tomar porrada, estamos anestesiados à
dor.

Bem , se a campanha "das Diretas" levou milhöes às ruas, a
"privatização da Vale" foram uns poucos mil e agora a protestar em
defesa da Riofilme fomos uns poucos, cinco ou seis.
Esta indiferença toda significa que a Riofilme não sentou raizes
familiares entre nós. É como uma tia distante que vai embora e a gente
pensa: "que descanse em paz".

Mas esta jovem, Tinha aparência de velha, como tudo que é público no
Brasil de hoje, mas não passou dos 17, 18 anos. Era jovem e forte,
estava em coma por conta do tratamento recebido ao longo desses anos e
foi fundamental na presevação de nossa auto-estima nos tempos de vacas
magras. Produziu e apoiou filmes importantes, deu alento. Durante um
tempo, virou mesmo meca e alento para os cineastas paulistas que
citavam como exemplo: "Rio tem..."E vinham cá buscar grana para
produzir ou apoio para lançar seus filmes. Os ingratos, agora, não
enviam nem telegrama de pesar. A vida é assim mesmo.

Falo de sua juventude, não para celebrar o passado mas para sinalizar
o futuro. Daqui a quatro anos e por uns dois anos seguidos, o Rio será
uma festa: Seremos uma das sedes da Copa do Mundo e daqui a seis, sede
das olimpíadas. Nós artistas devemos entrar em campo nesta festa, não
com nossos aplausos passivos mas com nossas obras que revelem,
discutam, proponham o mundo no qual queremos viver.

Entreguemos o mercado aos mercadores. Nos ocupemos do cinema, não
enquanto negócio, mas enquanto arte, enquanto expressão de um povo e
de uma sociedade. Ë neste sentido que a Riofilme ressucitada ainda
terá um papel como um rio firme que navega nas águas serenas das
idéias e da criação artística e não num rio bravo do bom negócio
rápido e do lucro fácil. O mundo pertence aos criadores e não aos
predadores.
Bom domingo a todos

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