Projeto que revoga Lei de Anistia fez Jobim ameaçar se demitir
Ministro vê revanchismo na proposta de Vannuchi e fecha acordo com
Lula antes de projeto ir ao Congresso
Christiane Samarco e Eugênia Lopes, de O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - A terceira versão do Programa Nacional de Direitos Humanos
(PNDH-3), que se propõe a criar uma comissão especial para revogar a
Lei de Anistia de 1979, provocou uma crise militar na véspera do Natal
e levou o ministro da Defesa, Nelson Jobim, a escrever uma carta de
demissão e a procurar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no dia
22, na Base Aérea de Brasília, para entregar o cargo.
Solidários a Jobim, os três comandantes das Forças Armadas (Exército,
Aeronáutica e Marinha) decidiram que também deixariam os cargos, se a
saída de Jobim fosse consumada.
Na avaliação dos militares e do próprio ministro Jobim, o PNDH-3,
proposto pelo ministro da Secretaria de Direitos Humanos, Paulo
Vannuchi, e lançado no dia 21 passado, tem trechos "revanchistas e
provocativos".
Ao final de três dias de tensão, o presidente da República e o
ministro da Defesa fizeram um acordo político: não se reescreve o
texto do programa, mas as propostas de lei a enviar ao Congresso não
afrontarão as Forças Armadas e, se for preciso, a base partidária
governista será mobilizada para não aprovar textos de caráter
revanchista.
Os comandantes militares transformaram Jobim em fiador desse acordo,
mas disseram que a manutenção da Lei de Anistia é "ponto de honra". As
Forças Armadas tratam com "naturalidade institucional" o fato de os
benefícios da lei e sua amplitude estarem hoje sob análise do Supremo
Tribunal Federal (STF) - isso é decorrente de um processo legal aberto
na Justiça Federal de São Paulo contra os ex-coronéis e torturadores
Carlos Alberto Brilhante Ustra e Aldir dos Santos Maciel, este já
falecido.
Além da proposta para revogar a Lei de Anistia, que está na diretriz
que fala em acabar com "as leis remanescentes do período 1964-1985 que
sejam contrárias à garantia dos Direitos Humanos", outro ponto irritou
os militares e, em especial, o ministro Jobim.
Ele reclamou com Lula da quebra do "acordo tácito" para que os textos
do PNDH-3 citassem as Forças Armadas e os movimentos civis da esquerda
armada de oposição ao regime militar como alvos de possíveis processos
"para examinar as violações de Direitos Humanos praticadas no contexto
da repressão política no período 1964-1985".
Jobim foi surpreendido com um texto sem referências aos grupos da
esquerda armada. Os militares dizem que se essas investigações vão
ficar a cargo de uma Comissão da Verdade, então todos os fatos
referentes ao regime militar devem ser investigados.
"Se querem por coronel e general no banco dos réus, então também vamos
botar a Dilma e o Franklin Martins", disse um general da ativa ao
Estado, referindo-se à ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e ao
ministro de Comunicação de Governo, que participaram da luta armada.
"Não me venham falar em processo para militar pois a maioria nem está
mais nos quartéis de hoje", acrescentou o general.
Os militares também consideram "picuinha" e "provocação" as propostas
do ministro Vannuchi incluírem a ideia de uma lei "proibindo que
logradouros, atos e próprios nacionais e prédios públicos recebam
nomes de pessoas que praticaram crimes de lesa-humanidade". "Estamos
engolindo sapo atrás de sapo", resumiu o general, que pediu anonimato
por não poder se manifestar.
A decisão de Jobim entregar o cargo foi decidida no dia 21 e teve,
inicialmente, o apoio solidário dos comandantes Juniti Saito
(Aeronáutica) e Enzo Peri (Exército). Consultado por telefone, porque
estava no Rio, o comandante da Marinha, o almirante Moura Neto, também
aderiu. Diante da tensão, o presidente Lula acertou que se encontraria
com Jobim na Base Aérea de Brasília, às 16h30, na volta da viagem ao
Rio, onde foi inaugurar casas populares no complexo do Alemão e
visitou obras do PAC (Plano de Aceleração do Crescimento).
Na conversa, Lula rejeitou a entrega da carta de demissão e disse que
contornaria politicamente o problema. Pediu que o ministro garantisse
aos comandantes militares que o Planalto não seria porta-voz de
medidas que revogassem a Lei de Anistia.
Os militares acataram a decisão, mas reclamaram com Jobim da posição
"vacilante" do Planalto e do "ambiente de constantes provocações"
criado pela secretaria de Vannuchi e o ministro Tarso Genro (Justiça).
Incomodaram-se também com o que avaliaram como "empenho eleitoral
excessivo" da ministra Dilma no apoio a Vannuchi.
"Lula age assim: empurra a crise com a barriga e a gente nunca sai
desse ambiente de ameaça", protestou um brigadeiro em entrevista ao
Estado.
Na visão das Forças Armadas, a cerimônia de premiação de vítimas da
ditadura, no dia 21, foi "uma armação" para constranger os militares,
tendo Dilma como figura central, não só por ter sido torturada, mas
por ter chorado e escolhido a ocasião para exibir o novo visual de
cabelos curtíssimos, depois da quimioterapia para tratamento de um
câncer linfático.
quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
Tá faltando Argumento? (3)
sábado, 26 de dezembro de 2009
Tá faltando Argumento? (2)
Camaradas,
confirmada essa suspeita (abaixo), confirma-se mais uma verdade - da qual, aliás, não duvidamos:
A GRANDE MÍDIA COMERCIAL (PELO MENOS A LATINO-AMERICANA) É A MESMA POR TODA PARTE, DO MÉXICO À PATAGÔNIA.
VARIAM APENAS AS LATITUDES E AS LÍNGUAS:
CARROS DA "FOLHA" LEVANDO COMPANHEIR@S PARA TORTURAS, OU SEUS CADÁVERES PARA A "DESOVA", E A DONA DO "CLARÍN" ADOTANDO A FILHA DE "DESAPARECIDOS" FAZEM PARTE EXATAMENTE DA MESMA LÓGICA, DO MESMO CINISMO.
ALIÁS, NÃO ESQUEÇAMOS QUE, PELO MENOS NO CASO "CANUDOS" E "PAU DE COLHER" (AMBOS NA BAHIA), CENTENAS DE FILHOS DOS "REVOLTOSOS" FORAM ADOTADOS POR FAMÍLIAS, MUITAS DAS QUAIS RESPONSÁNEIS DIRETAS PELOS MASSACRES.
NO CASO DE CANUDOS - SEGUNDO CONSTA - CRIANÇAS ESTAVAM EXPOSTAS EM FILAS - NÃO APENAS PARA ADOÇÃO, COMO TAMBÉM PARA DON@S DE BORDÉIS ESCOLHEREM SUAS PRESAS.
TERIA ISTO ACONTEVIDO COM OS "MUCKERS", OS "BANDEIRA VERDE", E TANTA INFINIDADE DE MOVIMENTOS NO CAMPO DE MESMA MATRIZ - OU DE OUTRAS?
ISTO PARA NÃO FALARMOS DA ESCRAVIDÃO NEGRA E DE ÍNDIOS.
OU SEJA, ASSIM VEM SE CONSTRUINDO O MUNDO OCIDENTAL MODERNO (CRISTÃO E DEMOCRÁTICO) DESDE O MERCANTILISMO.
Que os nossos camaradas jornalistas pautem esses assuntos em seus blogs, sites, redações, TVs, rádios, etc.
Que as nossas universidades estimulem pesquisas nessa direção.
Putabraço,
Alipio Freire
From:Ismael Castro
To:
Subject: MARCELA NOBLE PODRÍA SER LA NIETA DE CHICHA MARIANI
Date: Sat, 26 Dec 2009 17:31:14 +0100
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En declaraciones brindadas a una radio local, Chicha confirmó que hizo una presentación judicial ante el juez Corazza y por su intermedio ante el juez Bergesio, de San Isidro, que es quien lleva adelante la causa por los hijos de la dueña del multimedio Clarín. En la acción, se solicita “que se entrecrucen los análisis de Marcela Noble y los de mi familia que están en el Banco Genético y también con todos los familiares que figuran allí porque así lo dispone la ley”. Consultada sobre en qué basa sus sospechas sobre que Marcela Noble sea Clara Anahí Mariani Teruggi, explicó: “tuve dudas desde 1977 cuando los obispos de La Plata y religiosos me prometían que me iban a ayudar, al tiempo volvía y eran otras las personas que me recibían”. Además, reveló que en un momento, “me dijeron que mi nieta estaba con gente de muchísimo poder, que era imposible tocarla. Lo recibí de la Iglesia una y otra vez, pero hubo otros elementos que me fueron convenciendo de que podía ser Clara Anahí”. Asimismo, Chicha admitió que en un momento perdió la esperanza de que Marcela Noble pudiese ser su nieta, al revisar, junto a su abogada, el expediente de su adopción y verificar que “las fechas no concordaban”. Sin embargo, la expectativa resurgió cuando “vinieron dos personas a avisarme que ese expediente era totalmente falso y se descubrieron mentiras”. La fundadora de Abuelas recordó que “cuando asumió Alfonsín, los llevaron a una escuela suiza hasta que vieron que no pasó nada, entonces los fue a buscar la madre, las fotos de los chicos con príncipes, reyes y presidentes salían en los diarios y yo las junté y encontré parecidos” y Marcela Noble “se parece bastante a la familia de Diana ahora”. En ese marco, Chicha recalcó que “cuando se llevan a Clara Anahí, la ponen en el auto de Fiorillo (un policía), y ahora me entero que él fue quien llevó a Marcela con la señora de Noble. La llevó de La Plata porque hay documentos de personas que afirman que monseñor Plaza intervino en la entrega de Marcela”. “Ahora dije basta, no quiero quedarme con la duda y pedí que se hagan los análisis y se crucen con mi familia y con los demás también”, declaró Chicha y se preguntó: “¿Alguien se detiene a pensar en los 33 años que llevan Madres, Abuelas y familiares de esta tortura infinita de no saber, es la tortura más grande y se acrecienta porque uno se va a ir y no pudo hacer nada, y dónde está y cómo duerme, dónde vive y con quién?” “Hay mucha gente que da una mano. Sé que lo que ocurrió en la calle 30 lo sabe toda la gente del barrio, muchos vieron cómo se la llevaron a Clara Anahí, en cambio se difunde la versión de que había muerto, sin embargo, dos personas me dijeron la verdad, pero si lo hubieran dicho hace 20 años, cuánto dolor hubieran evitado”, reflexionó Chicha Mariani. Por último, Chicha dijo que otro de los elementos que la llevan a pensar que Clara Anahí podría ser Marcela Noble, tiene que ver con las muchas mentiras que se dijeron en torno al paradero de su nieta: “Por qué tapan tanto lo de Clara Anahí? ¿Por qué se inventaron tantas cosas? ¿Para qué? Es porque están tapando algo muy grosso”. |
sexta-feira, 25 de dezembro de 2009
Tá faltando Argumento? (1)
contos que podem gerar poderosos argumentos para filmes.
Vamos tirar o cinema da mesmice na qual atola atualmente.
Começo com o artigo de Mauro Santayana
sexta-feira, 25 de dezembro de 2009
Mauro Santayana:: As convenções do calendário
Publicado no` JORNAL DO BRASIL
A convenção do calendário nos adverte de que demos mais uma volta em
torno do sol, é costume fazer do ano a vir pequena e temporária
utopia. Por mais pessoal que seja, nos limites das próprias
aspirações, sabemos que não a edificaremos sem a contribuição dos
outros. Não há ser que possa viver absolutamente só. Para ganhar na
loteria, esse sonho de alforria econômica e social, é preciso que
outros apostem. É assim com tudo: o êxito das nossas empresas, a paz
familiar, a alegria do reconhecimento alheio de nossas possíveis
virtudes. E não é preciso falar nos sentimentos da amizade e do amor.
Indivíduo é aquele quenãopode ser dividido por outro, mas que pode e
deve dividir-se, para multiplicar-se em seus atos e em seus
sentimentos. Ele se faz a partir dos outros, e sua inteligência,
quaisquer que sejam os limites dos próprios atos e do conhecimento
adquirido, irá influir sobre as pessoas com as quais conviva ou possa
comunicar-se.
É raro pensar nessas coisas óbvias, exatamente porque são tão óbvias.
De forma quase natural aproveitamos estes dias de renovação da
esperança para a confraternização. É o retorno à utopia maior, a da
paz.
Quando passarem estas horas, voltaremos à guerra de todos contra
todos, ou de quase todos contra todos, porque felizmente há quem
resista, quem mantenha na alma a chama da solidariedade.
Em magnífico estudo sobre a filosofia do Iluminismo, Ernst Cassirer
recorre ao verbete redigido por Rousseau na Éncyclopédie para definir
a Economia Política: “Resumamos, em quatro palavras, o pacto social
dos dois estados. Você tem necessidade de mim, porque sou rico e você
é pobre; façamos então um acordo entre nós: eu permitirei que você
tenha a honra de me servir, sob a condição de que você me dê o pouco
que lhe resta, pelo trabalho de comandá-lo”. Cassirer observa que, de
acordo com Rousseau, a forma de contrato que tem dominado a sociedade
até hoje pode implicar uma obrigação jurídica, mas se encontra nas
antípodas de todo laço moral autêntico.
Rousseau retorna ao ideal grego republicano. A ordem social só pode
ser construída na liberdade. São os homens, no exercício pleno de sua
vontade, que devem estabelecer as leis, e essas leis obedecem a duas
fontes de legitimidade, a de sua origem e a de seu fim. Elas não
podem, a menos que percam a natureza essencial, violar o fundamento da
igualdade na construção da ordem. No pensamento grego, a inteligência
ética é que deve fixar os limites entre a liberdade individual e a
liberdade coletiva, republicana (política, segundo o étimo).
Essa consciência ética só pode ser adquirida mediante a razão.
Falta ainda um pensador vigoroso que se detenha a redigir tratado
completo sobre a natureza das utopias. Há, e muitos, estudos sobre uma
ou outra elaboração utópica, de Platão a James Hilton (com sua ficção
sobre Xangrilá), isso sem falar na obra clássica de More. A partir do
princípio de que cada um de nós é construtor de utopias – mesmo
aqueles que desprezam planejá-las, mas as edificam na esperança, como
Epimeteu, o irmão dissidente de Prometeu é de se constatar que a
esperança é atributo inseparável do espírito humano. Há a esperança de
realização individual, que move a sociedade de produção e consumo,
exacerbada a partir da tecnologia do desperdício. E há a esperança da
realização coletiva. Dois têm sido os caminhos em busca da realização
coletiva. Um é o da política, da disseminação das idéias, de que o
Evangelho é belo e insubstituível exemplo. Outro, o da força. Quando a
situação se torna insuportável para os oprimidos, eles costumam
rebelar-se da forma que podem, usando o direito reconhecido pelos
humanistas de todos os tempos.
A mais simbólica das rebeliões sociais, a de Espartaco contra o Estado
Romano, foi liquidada por Crasso e Pompeu, com a crucificação de seis
mil escravos ao longo da Via Appia – 72 anos antes de Cristo. No
início, o grande gladiador queria apenas que os escravos pudessem
escapar do jugo e refugiar-se em seus países de origem. Mas seus
comandados queriam mais, queriam o poder para construir uma sociedade
igualitária – e por isso foram massacrados.
Mas as utopias são necessárias. Ao tentar realizá-las, as sociedades
avançam. Assim foi possível abolir a escravidão, universalizar-se o
ensino, melhorar o nível de vida e da saúde para grande parte da
humanidade. Antes que o homem faça, é necessário que sonhe.
domingo, 20 de dezembro de 2009
"Benditos os loucos eles é que herdaram a razão". Glauber Rocha-- Noilton Nunes coloca o dedo na ferida
A semana que se encerra foi uma das mais felizes para a cultura brasileira.
O Senado aprovou o Vale Cultura e a possibilidade de enquadramento na
qualidade de Simples, para as empresas que atuam no setor com benefícios no
pagamento de impostos. Além disso, ao apagar das luzes do ano, o ministro
Juca Ferreira conseguiu um ousado e corajoso feito, que já o coloca para
sempre em lugar de destaque na historia cultural do Brasil. Entregou nesta
quarta-feira à Câmara dos Deputados o projeto de Lei de Fomento e Incentivo
à Cultura, a Lei Juca, renovando o Fundo Nacional de Cultura, que contará com investimento inicial de R$ 800 milhões e será o principal mecanismo de financiamento a projetos culturais. O ministro também afirmou que a mudança vai garantir maior controle social e oferecerá um aporte direto de recursos, eliminando a etapa de busca por patrocinador. "O fundo é direto na veia. Aprovado o projeto, o produtor recebe o dinheiro", euforicamente disse ele. Isso simboliza que as torturas na cultura para
captação de recursos possam acabar ou que pelo menos os recursos possam chegar democraticamente aos criadores culturais. O modelo segue o que as Ciências e Tecnologias fazem há muitos anos. Se nossos cientistas tivessem tido que ficar horas e horas, dias e dias, anos e anos, nas salas de espera dos torturadores especializados em marketing das grandes empresas, as nossas pesquisas cientificas não estariam tão avançadas como estão, sendo hoje referencias mundiais. Acreditamos que esteja chegando ao fim as chances de continuidade nas aberrações existentes desde o nascimento da Lei Rouanet, como a recente notícia de que a Acadêmicios da Rocinha foi autorizada pelo MinC a captar R$ 2 milhões, assim como os baianos do Bloco do Psirico a conseguir outros R$ 402.545. O carnaval na Sapucaí e o baiano são cada vez mais voltados para turistas e celebridades, atendendo ao que grandes empresas esperam de retorno para seus patrocinios, pois geram enorme visibilidade com as garantidas transmissões dos desfiles pela TV. Fazer atualmente com que um diretor de marketing olhe com bons olhos para um projeto de filme ou uma boa peça que fuja dos padrões mercadológicos e que não tenha artistas globais; que não seja "comercial"... e ainda competir com as escolas de samba... vamos e convenhamos se torna uma competição nada olimpíca e desleal, com o agravante, de conhecimento público, que muitas dessas agremiações carnavalescas, também recebem financiamentos obscuros, nebulosos. Portanto esperamos que tais polemicos incentivos também obtidos para eventos nacionais e ou internacionais, que já vêm carimbados por milionárias campanhas publicitárias, sejam melhor avaliados e que projetos artísticos, culturais, educacionais de maior necessidade para o povo brasileiro, tenham enfim sua hora e sua vez de desfilar nas avenidas, nas escolas, nas universidades, nos nossos cinemas, palcos e televisões, enfeitando, alegrando, milhões de corações e mentes; iluminando pacifica e douradamente nossas
O Espelho de Próspero na 1a. Confecom
Em 1988 o brazilianista, ou melhor, o latinoamericanista, Richard Morse publicou seu livro O Espelho de Próspero, onde descreve: “há pelo menos dois séculos um espelho norte americano tem sido mostrado agressivamente ao sul. Talvez seja a hora de se virar esse espelho". É preciso ouvir nessa sentença cheia de provocações, a voz de um norte americano completamente incomodado com sua própria cultura, em especial com a tendência - afinal persistente - de se considerar o resto do mundo e a América Latina em particular, como uma espécie de campo neutro para experimentações, capaz de acolher sem questionar as receitas do desenvolvimento avassalador do gigante do norte.”
Extraído do artigo A paixão latino-americana de Richard Morse, de Pedro Meira Monteiro - Um enigma chamado Brasil - Companhia das Letras.
A necessidade da Conferencia Nacional de Comunicação foi oficialmente aceita pela nova Constituição Brasileira, mas somente agora em 2009 acontece a primeira, por causa da oposição das elites dirigentes da grande mídia. A 1ª. Confecom tem um papel dos mais importantes para a melhoria da qualidade de vida dos brasileiros. Tal importância deve ser avaliada realmente com essa magnitude pois, abre as portas do povo brasileiro para a necessidade de sua, nossa, conscientização a respeito das mais delicadas questões, que necessitam de urgentes respostas e ações imediatas. Assegurando-se o direito a um sistema nacional de comunicação eficiente, o brasileiro poderá dar bons exemplos ao mundo, pois, quando tem a oportunidade de agir sabendo com clareza onde está pisando, o brasileiro é capaz de mudar e melhorar seus comportamentos. Entretanto, dominado há mais de 40 anos por uma mídia que defende o consumismo desenfreado e que exalta o caminho de vida escolhido por outros povos, o brasileiro induzido, sucumbe, entrega-se e vira massa de manobra, deixando-se bestificar placidamente em berço esplendido.
A 1ª. Confecom trás esperanças de que tal dominação imposta e aceita cotidianamente, até hoje pouco contestada pelas autoridades mais competentes, comece a ser enfrentada, ser sentida, ser ouvida, falada, comentada, discutida, debatida, conscientizada.
Quando essa conscientização atingir um grau normal de comunicação, o brasileiro vai acordar para a anormalidade de fatos que ocorrem no seu dia a dia e que interferem negativamente na sua qualidade de vida. Fatos que até então foram, são, considerados sem importância, como por exemplo, a invasão dos nossos espaços aéreos audiovisuais, com o bombardeio sistemático, perverso, autoritário, antidemocrático, desumano, arquitetado nos gabinetes governamentais das capitais de grandes países, que ainda adotam o imperialismo como forma de expansão de seus negócios, para seus comércios. “Para onde vão nossos filmes, vão nossos produtos...”. Essa sentença cunhada pelo presidente Roosevelt nos anos 40 demonstra o valor que o audiovisual já tinha e a visão política de um grande estadista. Está ainda visível nas nossas televisões e cinemas. Não podemos ficar chorando sobre o leite derramado, mas contra atacar, defendendo os olhos, os ouvidos, os corações e as mentes de nosso povo, principalmente das novas gerações. Ficamos indignados com a instalação de bases militares norte americanas na Colômbia e não nos damos conta de que programas como Tela Quente, Sessão da Tarde, Domingo Maior e ou Super Cine, funcionam como bases ianques no Rio de Janeiro. Em São Paulo, outro centro poderoso de comunicação televisiva nacional, também ocorre o mesmo fenômeno, imitando a Tv Globo, emissora constituída com capital do Time Life e abençoada pelo regime militar. Todas as que fazem parte da chamada tv privada, exibem todos os dias, de manhã, de tarde, de noite e de madrugada, produtos made in USA, vendedores do falido american way of life e o que é pior, na sua maioria, filmes subsidiados pela indústria bélica. Algumas perguntas devem ser feitas agora. Por que a elite dominadora dos meios de comunicação televisiva nacional ficou tão dominada, tão amarrada, tão serviçal a elite dominadora dos meios de comunicação internacional? A 1ª. Confecom tem também mais esse compromisso histórico, o de nos libertar dessa ditadura, desse conchavo, dessa opressão. Queremos ver nas nossas televisões nossos filmes, nossos documentários, nossos curtas, considerados dos melhores do mundo e também uma diversidade artísitica e cultural internacional que nos mostre exemplos de lutas, exemplos de busca por caminhos mais saudáveis de vida de outros povos e não ficar para sempre com antolhos, como burros de cargas.
Quando Obama vem com o discurso de que as guerras são justificáveis, imediatamente as ações da indústria bélica sobem nas bolsas de valores de todo mundo. A corrida armamentista entra novamente em moda e o obviamente os roteiristas de Hollywood entram em campo, para lançar logo no mercado, filmes e mais filmes aplaudindo as guerras. Daqui do sul maravilha temos que dizer não. Dar adeus às armas, à violência. Devemos pelo menos tentar transformar nosso continente na região mais pacifica do planeta. Tarefa difícil, mas não insuperável. Primeiro cada país latino americano precisa vencer seus brutais desafios internos e suas misérias seculares. Somente com um sistema de comunicação decente, sabendo melhor quem somos e o que queremos, poderemos contribuir para uma transparente distribuição das nossas riquezas; acabar com o analfabetismo e a fome; acabar de vez com a necessidade das barracas cobertas de infernais plásticos pretos nos inumanos acampamentos de beira de estrada, fazendo a tão esperada, desde a Lei Áurea, reforma agrária em todos os níveis, seja na terra, seja na tela.
Comunicando-nos livremente, sem receios, sem obstáculos; dialogando abertamente, saberemos como enfrentar os imensos desafios que assustam todas as pessoas, em todos os lugares do Brasil e solidariamente participar dos movimentos mais nobres que acontecem atualmente no mundo, como os que defendem o meio ambiente.
Comunicação é saúde. Comunicação é possibilidade de boa educação. Comunicação é uma das mais poderosas armas de construção ou eliminação em massa. Os povos que bem souberem manejar tais mísseis de longo alcance; tais bombas atômicas de efeito moral, saberão chegar mais facilmente a uma forma saudável de sustentabilidade.
Se Morse, respeitado intelectual norte americano, mostrou 21 anos atrás o que o espelho de seu povo já fazia ao invadir as nações latino americanas, hoje, com o avanço das novas tecnologias, precisamos ficar muito mais atentos e nos defendermos com muito mais vigor.
Noilton Nunes
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
sábado, 12 de dezembro de 2009
Galeano Ataca Mais Uma Vez.
Cuatro frases que hacen crecer la nariz de Pinocho

sábado, 5 de dezembro de 2009
Amir Haddad em Carta Aberta a Secretária de Cultura do Rio de Janeiro
Gostaria de deixar aqui escrito uma tentativa de descrever os
sentimentos que me ocorreram, e pensamentos que tive quando entrei
em contato com o texto do Decreto.(?!?)
Talvez tenha de me demorar um pouco sobre este assunto, pois ele é
de capital importância para o momento e para o mundo em que estamos
vivendo e acredito que ninguém, muito menos eu e a Senhora Secretária,
podemos ou devemos fugir dele. Espero não ser interrompido como fui
no nosso breve encontro anterior,
Assim vamos lá.
Eu tinha ido para esta reunião com o artigo 5° da Constituição em
minha mão, para declamá-lo diante de todos, pois para mim era esta a
verdadeira razão daquele encontro. Liberdade de expressão.
Art. 5°, IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
Art. 5°, IX - é livre a expressão da atividade intelectual,
artística, científica e de comunicação, independentemente de censura
ou licença;
Art. 5°, XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardo
do sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional;
Art. 220 - A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a.
informação, sob qualquer forma, processo ou veículo, não sofrerão
qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.
Porem, ao ler o Decreto fui agradavelmente surpreendido e
desarmado por ver seu artigo 1°, que citava justamente este artigo da
Constituição. Respirei aliviado. Estamos no mesmo barco, pensei
eu.
Mas nos artigos, incisos ou alíneas ou parágrafos
seguintes, ou não sei bem o que é, o que estava escrito era uma
seqüência de requisitos que eu deveria cumprir para que pudesse
usufruir desta liberdade constitucional. Condições sem as quais eu
não poderia exercer meu direito de cidadão livre.
Então eu estava livre, mas não estava muito. Eu era uma pessoa que
estava presa e agora ia ser agraciado com a benesse da liberdade
condicional. Estava ali me sendo oferecida a liberdade, sob
determinadas condições que eu deveria cumprir e respeitar, sob pena
de novamente voltar a prisão. O meu mal-estar cresceu quando
compreendi que a discussão teria que ser mais profunda e
inquietante do que eu imaginava. Não estava diante de pessoas que
estavam pensando o mundo como eu. Embora a Senhora Secretária tivesse
afirmado que, por ser comunista sabia já das coisa que eu estava
começando a dizer, na prática esta teoria não se confirmava. Íamos ter
que discutir mais do que pensávamos, e não havia tempo para isto.
Havia mais coisas em jogo ali do que simplesmente nossas boas
intenções, em relação ao bem-estar da cidade e de seus cidadãos. E de
que maneira a boa gestão de políticas - públicas para a Cultura
poderia contribuir para isto. A cidade não estava em jogo, nem o seu
cidadão, e sim a necessidade de aprovar urgentemente, não sei porque
motivo, aquele documento regulatório e contraditório das atividades
em áreas públicas, que estava diante de mim. E eu, senhora
Secretaria, sem voz e imobilizado, nada podia fazer, a não ser pedir
um tempo para pensar e propor alguma reflexão e discussão, a respeito
desta questão tão importante, já que, aparentemente, não estávamos
ocupando posições semelhantes diante do problema.
E assim, a discussão com os interessados que deveria ter sido
feita, antes até mesmo da elaboração do Decreto, e que iria ajudar
nesta elaboração, teria que ser feita ali naquela hora, sob pressão
política e de prazo. Companheiros da Rede de Teatro de Rua do Rio de
Janeiro tinham várias vezes antes tentado contato, sem êxito, com esta
Secretaria.
Nós não achávamos que uma questão tão importante podia ser
discutida às pressas; e continuamos achando que não, dadas a sua
importância e atualidade. É realmente uma questão de tempo, Senhora
Secretária. E não podemos ser levianos e inconseqüentes a este
respeito, pois o que for decidido aqui no Rio de Janeiro vai
repercutir no Brasil inteiro, e nós estamos no momento de avançar em
nossas conquistas de liberdade. Sempre que os governos não conseguem
equacionar seus problemas sociais a liberdade é a primeira a ser
sacrificada. Podemos estar “distraídos” diante disto tudo? O muro
de Berlim resolveu o problema da liberdade? O dia da Consciência
Negra resolveu o problema do apartheid social e racial da sociedade
brasileira? É possível distrair, descansar?
Senhora Secretária, esta Secretaria acho que ainda tem um
departamento de Patrimônio que foi criado na gestão do Antonio Pedro
Borges, a frente da primeira Secretaria de Cultura, do Rio de
Janeiro. Pois bem, Senhora, todos nós sabemos que Santa Teresa é
uma APA- Área de Proteção Ambiental; e que todos nós, gestores
públicos e cidadãos, devemos zelar pela sua integridade e identidade.
A Senhora já viu o caos em que estão se transformando as ruas e
ladeiras de Santa Teresa? A qualidade de vida do bairro é cada vez
pior, o morador se ressente, enquanto floresce um comercio, que só
remotamente beneficia o bairro e seu morador. Os carros, veículos de
todos os tamanhos e pesos, sobem e descem suas ruas e ladeiras
indiscriminadamente, em qualquer direção, sem nenhum regulatório. Lá
não precisa? Uma vez só estiveram lá, que eu saiba, para obrigar o
proprietário de um bar-mercearia a recolher duas mesas da calçada,
onde eu e outros moradores há 30 anos costumamos nos sentar para
conversar, sermos amigos, cidadão, convivermos. Coisa rara em
qualquer lugar do Rio de Janeiro.
O choque de ordem fez recolher cadeiras e mesas onde a vida
comunitária se estabelece, e onde pode nascer um remédio para a
violência que nos deixa desolados, numa cidade tão linda como a
nossa. E deixa a tragédia anunciada se aproximar cada vez mais!
O que está acontecendo ou querendo acontecer com o Teatro de Rua não
é parecido com o que aconteceu com as cadeiras e mesas de Santa
Teresa?
A senhora não acha, Senhora Secretária, que tudo isto tem a ver com a
Cultura? Que a Cultura tem a ver com identidade e qualidade de
vida? Que qualquer política “regulatória” teria que ser submetida à
apreciação da Secretaria de Cultura e a Secretaria de Saúde? Para
evitar atitude e procedimentos que em vez de resolver, transformam a
cidade e a vida do cidadão em tristeza, depressão e mais violência?
Não é esta a função da Vida Cultural na construção da nossa identidade
e cidadania? Não só na teoria, mas também na prática?
Senhora Secretária, pela regra do Decreto, meu grupo de Teatro, o Tá
na Rua, não poderá ir nunca à rua, pois não se encaixa em nada do
que o decreto pensa. Quem o redigiu tem pouca familiaridade com a
questão, embora possa ter tido empenho e boa – vontade.
Assim como eu, outros artista de rua não preparam com antecedência
suas saídas, e muitas vezes saímos a rua sem saber onde iremos parar.
Nem dia, nem hora, nem local. E nunca obstruímos nenhuma praça,
nenhuma rua, nunca prejudicamos nenhum comerciante, nem nunca
perturbamos o sono de ninguém ou o trânsito.
O básico de nosso trabalho é o respeito à população e ao seu direito
de ser feliz, participando da vida cultural da cidade. Nunca iríamos
fazer ou fizemos coisas que ferissem a ordem pública, a verdadeira
ordem pública, não a ordem de uma gaveta vazia. Atitude que não
parece ser a que subjaz nestas medidas regulatórias abstratas, em
nome de uma ordem também abstrata. Sanear, higienizar não é organizar.
Nós precisamos de apoio, estimulo, e incentivo, não de organização
aleatória e indiscriminada.
Nunca desistimos de nossa cidadania, pois amamos a cidade e seus cidadãos,
sem distinção de classe, cor, credo, idade ou religião. O nosso maior
prazer é respeitar o cidadão. Nós queremos ser parceiros do poder
público na construção de uma sociedade melhor. Não devemos ser
tratados como presos em liberdade condicional. Nossa liberdade foi
conquistada ao longo de séculos e de lutas e nossa liberdade não pode
ser concedida. Ela tem de ser reconhecida. Não posso me imaginar
em praça pública somente se estiver autorizado pela autoridade. Eu
abandonei tudo por amor à cidade. Sou cidadão carioca emérito. Não
me tirem agora a cidade. Senhora secretária, não deixe isto acontecer.
O momento é histórico e importante. O que fizermos agora vai, como já
disse, repercutir em todo País. Se decidirmos bem, ficaremos todos,
nacionalmente um pouco mais alegres. Se perdermos a oportunidade
estaremos fazendo como aqueles que querem a todo custo tirar a
esperança do Brasil. Agora que estamos crescendo, produzindo
auto-estima que poderá iluminar o aparecimento da nação
brasileira. Podemos fazer historia Senhora Secretária, ou sermos
atropelados por
ela.
Creia-me um seu admirador e antigo eleitor.
Obrigado pela atenção.
Rio de Janeiro, 18 de Novembro
de 2009
Amir Haddad
Embrafilme: Rejeitam quem. Cara pálida?
Cineastas rejeitam volta da Embrafilme
Fim da estatal quase anulou cinema nacional, mas situação hoje é outra
Luiz Zanin Oricchio
A extinção da Embrafilme em 1990, no início do governo Collor, provocou uma
recessão brava no cinema brasileiro, com a produção caindo a quase zero e
assim se mantendo por alguns anos. Essa situação penosa causou a impressão
de que havia um luto permanente no meio cinematográfico pela morte da
empresa, criada em 1969, durante o governo militar. Engano: sua recriação,
nos mesmos moldes daquela época, parece não despertar o menor entusiasmo
entre os profissionais de cinema.
Fernando Meirelles (de Cidade de Deus) acha que seria um retrocesso, um
verdadeiro andar de caranguejo: "O que não funcionava no modelo da
Embrafilme era o fato de toda a verba pública destinada ao cinema estar
concentrada nas mãos de uma pequena turma que decidia quais projetos
deveriam ser financiados e, portanto, além dos projetos terem a mesma cara
ou direção, pertencer à turma era um pré-requisito para se fazer cinema no
Brasil", disse.
Meirelles, um dos poucos cineastas patrícios com trânsito no mercado
internacional, entende que a vantagem do sistema atual de financiamento é
que o dinheiro pode ser buscado em "milhares" de balcões diferentes. Essa
multiplicidade de fontes de financiamento seria fiadora da "diversidade do
atual cinema brasileiro, com lugar para filmes voltados ao mercado e outros
experimentais, além de muitos documentários", analisa.
"SOVIETIZADA"
Orlando Senna, cineasta (Iracema, uma Transa Amazônica, em parceria com
Jorge Bodanzky), ex-titular da Secretaria do Audiovisual entre 2003 e 2007
durante a gestão de Gilberto Gil no MinC, pondera que "a única vantagem que
a Embrafilme tinha em relação ao sistema atual Ancine/Secretaria do
Audiovisual/Renúncia Fiscal era ser também uma distribuidora". Mas é contra
a recriação pura e simples da estatal, nos mesmos moldes dos anos 70 e 80.
"Retornar a uma empresa centralizada e "sovietizada", voltada apenas para o
cinema, como a Embrafilme, seria um retrocesso. O ideal seria uma agência
mais abrangente do que a atual Ancine, com poder de regulamentação sobre
todo o setor e acoplada a uma distribuidora estatal".
Mesmo o cineasta Roberto Farias (Assalto ao Trem Pagador), que dirigiu a
empresa entre os anos 1974-1979, propõe uma forma alternativa, mas não vê
possibilidade ou sentido na volta ao passado. "Dificilmente se poderia
recriar a Embrafilme tal como era. Talvez seja possível uma espécie de BNDES
do cinema, com flexibilidade para estimular, emprestar e associar-se, como
alguns de nós defendíamos no fim de minha gestão em 1979, e como era o
desejo de Leon Hirszman", diz.
A produtora Mariza Leão, da Morena Filmes (Guerra de Canudos e Meu Nome não
É Johnny) crava sua opinião sem qualquer hesitação. "É old fashion, uma
proposta antiquada; a Embra morreu." Ela admite que a empresa, em sua época,
"foi sensacional, mas não seria agora". Diz que a Embrafilme ajudou a ela e
ao marido, o cineasta Sergio Rezende, quando não passavam de dois garotos.
Mas hoje o mesmo esquema não teria mais o menor sentido.
Cabe lembrar que a Embrafilme era tanto uma produtora quanto distribuidora
de filmes. E, de acordo com os profissionais ouvidos, hoje ela não seria
útil nem em um campo e nem em outro. Com exceção de Orlando Senna, todos
entendem que a distribuição deve ser privada, não estatal.
Farias diz que nenhuma distribuidora é capaz de dar conta de 60 a 100 filmes
por ano, que é a meta brasileira a ser alcançada. E que a incapacidade de
dar conta desse volume de lançamentos prejudicaria os que têm menos chances
no mercado, os mais frágeis. "Já vi este filme. Os interesses imediatos da
empresa e o entusiasmo de seus funcionários se concentrariam inevitavelmente
nos filmes comerciais e, como antes, os "difíceis" seriam arremessados no
mercado e abandonados à própria sorte."
Mariza emenda: "Para aqueles que imaginam que uma distribuidora estatal
possa substituir o legítimo direito de escolha do público, induzindo e/ou
impondo filmes, lamento dizer que isso é fantasia pura."
COPRODUTORA
Farias diz que distribuidora tem de ser privada, "trabalhando filme a filme,
extraindo do mercado cada centavo do seu potencial". E conta que no final de
sua gestão, em 1979, depois de conquistar 40% do mercado, queria privatizar
a distribuidora da Embrafilme, mantendo a empresa apenas como coprodutora.
"Meu desejo era fomentar quatro ou cinco distribuidoras privadas que, por
serem menores, poderiam dedicar-se a todos os filmes de sua carteira,
inclusive os médios ou pequenos". A sobrevivência dessas distribuidoras
dependeria da resposta de público a esses filmes nas salas de exibição.
Como nada disso foi feito, a Embrafilme se arrastou ao longo dos anos 1980,
acabando por ser liquidada, sem um suspiro, no início da era Collor. Se a
sua extinção deixou impressão de saudade foi porque, naquela época, nada foi
colocado em seu lugar e mesmo uma empresa ultrapassada era melhor do que
nada. Hoje a situação é outra.
A ex- Ministra da saúde da Finlândia acusa
http://www.youtube.com/watch?v=JpOB4xkpjgQ
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
Mensagem a meu amigo samuel Yavelberg
samuel
>
>
> El "suicidio" moral de la humanidad al olvidar la ética para pasar a la
> "estética"...
>
> Que cada uno saque sus propias conclusiones de este video, que bien podría
> ser un documental muy representativo sobre aquello en lo que nos hemos
> convertido...
> http://video. buguncom. tr/bugunPlayer. swf?file= dagilfilm. flv
Respondi:
Shmuel:
Trata-se evidentemente de um (mal) filme de ficção. Naquelas
circunstâncias uma alma sensível, ainda mais sendo mulher perderia a
foto e salvaria a menina (poderia ter sido assassinada junta, os
canalhas sim, não tem ética) mas não teria feito a foto.
Uma pessoa, vaidosa, que se paramenta elegantemente para uma noite de
black tie para concorrer ao maior "award' de fotografia não tem crise
de consciência. Pode até fazer um discurso lacrimejante -- dá mídia --
mas embolsou a grana e emoldurou o troféu sem nenhuma crise de
consciência.
Como filme, não monta.
Silvio, o talmúdico
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
A Sociedade aprisionada pela política
clientela:pequena ou mistificada consciência da vida e dos problemas
da sociedade, das pessoas; poucos ou vagos ideais, programas;
sentimentos ou paixão civil, zero. Os partidos ocuparam o Estado e
todas as suas instituições, a partir do governo. Ocuparam as
instâncias locais, os institutos de previdência, os bancos, as
empresas públicas, os institutos culturais, os hospitais, as
universidades”.
Enrico Berlinguer, La Repubblica, 28 de julho de 1981.
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